Amizade

Esse carnaval foi muito interessante, um daqueles reveladores (um pouco piegas dizer isso,eu sei).
Voltei a ver um grande amigo que mostrou-me novamente o valor das "coisas" que quero para minha vida. Agora estou em um momento de juntar dinheiro para buscar uma tranquilidade (na voz dos analistas financeiros: Independência financeira). Nessa fase pensava muito no meu primeiro milhão ,no meu carro novo e em coisas do genêro. Porém, rever esse grande Amigo trouxe-me revelações que nunca alcançaria sozinho, ele mostrou-me novamente para que quero todo esse dinheiro, abriu meus olhos para o que é realmente importante. Talvez ele não tenha percebido como a presença dele nesses poucos 5 dias mudaram muitas escolhas que farei adiante, mas a verdade é que não sou mais o mesmo.
Interessantemente... algum tempo atrás li na frase do msn de alguém "Você sempre volta diferente de uma viagem".
Pretendo escrever muitas coisas sobre as quais pensei, li e falei nessa viagem. Mas agora você lerá sobre a amizade.
Antes de mudar de cidade para estudar, participei de um grupo que poucos, em sua vida, terão a chance de ter o privilégio de ter algo parecidos. A seguir mudei para Londrina onde fiz minha faculdade e onde pretendo ficar. Atualmente sou um amigo relapso, a tempos não vejo o pessoal da faculdade, a tempos vou e volto do trabalho.

Nessa rotina cabe a pergunta, que tipo de vida quero levar?

A pouco tempo converti-me budista, mas sempre falei que não importa o que acontece no pós-morte, apenas diga o que devo fazer, nessa vida, para ser feliz, é isso quero espero dessa religião.
Então, se espero ser feliz, se sinto falta dos tempos perdidos, das conversas que não levam à lugar nenhum, das soluções para mundo, por que fico longe daqueles que proporcionam isso? Sempre lembro da minha mãe dizendo que amizade é uma estrada de mão dupla: "Que tipo de amizade é essa que só um vai atrás?". Corretíssima!

Culpado! Culpado da minha própria solidão!

Ainda bem que hoje trabalho com pessoas espetaculares, que garantem um gratificante tempo de escritório, assim como momentos como as nossas chamadas "reuniões de segunda", onde simplesmente compramos vinhos, invadimos a casa de nosso anfitrião e conversamos sobre a vida.

Peraí... se você continua tendo amigos que jogam conversa fora, por que reclama de solidão?

"Você é responsável por aqueles que cativa".
Eu sinto falta de cada um, tenho solidão daquela pessoa, sinto falta dos comentários que só poderiam surgir daquela mente. O mais assustador é saber que se não partir de mim, eles me esquecerão, não por que são maus e assim vingar-se-ão, mas por que quantos menos você interage com alguém mais outras interações irão concorrer com aquela memória distante, daquele cara que um dia conversei na faculdade. Faz parte do andar da vida esse distancimento, mas faz parte das suas escolhas tentar, ao menos tentar, fazer com que elas sobrevivam ao tempo.
Quando volto para a cidade de meus pais, tenho amigos que aparentemente sempre serão os mesmos, para os quais o tempo, que deveria comer a relação, não mudou nada.
O Amigo que reencontrei no carnaval apresentou-me um livro: "O Estilo 80/20", o pilar central dele é a regra de Pareto, você já deve ter ouvido falar: "80% do seu lucro vem de 20% dos seus clientes", pode parecer mágico, como a sequência Fibonacci, mas na verdade ela só tenta evidenciar uma relação inerente de desproporcionalidade entre as coisas. O autor leva esse raciocínio empresarial para a vida e começa a refletir como alguns poucos momentos são os que mais trazem a grande parte do prazer da sua vida.

Mesmo sendo tão digressivo, continuo falando sobre amizade...

Quanto tempo você perde com coisas e relações que quase não te trazem prazer? A quantas festas chatas você foi enquanto poderia ter comprado vinho e discutido "política" sentado no chão da casa de um amigo? Ou ter dispensado uma sessão de puxaquismo para ir a um churrasco?

Faça seus cálculos, e deixe que grande parte deles te ajudem a tomar decisões. Busque gastar seu tempo com o que te deixa realmente feliz.

Otimize seu prazer!

No meu caso, as vezes ter amigos que não mudaram com o tempo é bom, as vezes é ruim... porém, quando for bom, lembre: "A amizade é uma estrada de mão dupla"

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